O movimento também é uma forma de pressionar o governo municipal a ouvir os profissionais da educação e negociar com o Sepe Lagos regimes de trabalho que respeitem o necessário isolamento social e garantam a segurança sanitária dos trabalhadores das escolas e também de toda a população buziana.
O prefeito André Granado (MDB) e seu secretário municipal de educação Carlos Eduardo Roballo preparam reabertura das escolas num momento de pico da pandemia de Covid-19. A doença já ceifou vidas de profissionais da educação de Búzios e Cabo Frio e o número de casos no município tem aumentado dia após dia, tal como ocorre em todo o país. Recentemente até um vereador da península foi contaminado. E nesta semana também uma histórica liderança quilombola da cidade faleceu vítima do novo coronavírus, a senhora Carivaldina Oliveira da Costa, conhecida popularmente como Dona Uia; fato que comoveu a cidade e os ativistas do movimento quilombola nacional.
Os profissionais da educação realizaram diversos informes sobre como está a situação da greve em cada escola. Em muitas unidades de ensino as direções tem feito pressão para identificar quem aderiu à greve.
Também foram abordados outros aspectos que evidenciam o descaso da prefeitura com as medidas preventivas necessárias para evitar contágios por Covid-19. Contrariando as recomendações dos órgãos de saúde de evitar a aglomeração de pessoas no transporte público, o governo tem permitido que os ônibus da Salineira circulem lotados em vários bairros periféricos de Búzios. Em Bahia Formosa, por exemplo, o antigo problema de falta de ônibus se agravou com a pandemia: os coletivos agora só circulam pelo bairro em 3 horários por dia, sempre abarrotados de passageiros. Também houve o relato de que o Hospital Rodolpho Perissé tem ficado constantemente sem abastecimento de água.
A avaliação geral da assembleia foi de que há uma grande adesão da greve, principalmente entre os trabalhadores concursados. No entanto, muitos profissionais contratados tem acatado às absurdas determinações da prefeitura por medo de perderem seus empregos e estão com suas vidas em risco. O Sepe Lagos denuncia que a prefeitura estará sujando suas mãos de sangue caso qualquer trabalhador que tenha retornado às escolas vier a óbito em decorrência do contágio por Covid-19. O sindicato apela para que o secretário Carlos Eduardo Roballo aceite dialogar com a categoria e recue da postura intransigente de não negociar.
O Sepe Lagos também esclarece que todas as medidas jurídicas serão tomadas para responder aos casos de assédio moral aos profissionais que estão questionando a política irresponsável da prefeitura ou que aderiram à greve. O departamento jurídico da entidade já está preparando uma resposta às absurdas alegações que a prefeitura fez ao Ministério Público do Trabalho, na tentativa de “justificar” essa política criminosa de colocar os profissionais da educação sob o risco de contágio com a retomada do trabalho presencial no pico de mortes por Covid-19.
Confira abaixo a íntegra das deliberações da assembleia:
• Fortalecer a campanha virtual divulgando a #GrevePelaVida;
• Manifestar o apoio do Sepe Lagos ao projeto CircoLo Social, que teve contratos suspensos pela prefeitura, e também denunciar a falta diálogo com os conselhos de Educação e Cultura na votação da PL 33/2020 que, entre outras coisas, faz um remanejamento do orçamento da Escola de Música Villa Lobos para supostas ações de combate ao Covid-19;
• Fazer levantamento nas escolas sobre quantos são os trabalhadores que compõem o grupo de risco, o número de profissionais demitidos, o número de alunos por sala em cada escola, as condições de higiene e infraestrutura, dentre outras informações;
• Definir representantes por escola que farão o levantamento e o contato com os profissionais da saúde;
• Elaborar peças gráficas para as redes sociais com dados sobre as demissões em massa na educação e reforçando que sem esses profissionais não há condições de volta às aulas;
• Próxima assembleia será realizada na quarta-feira, 24 de junho, por meio do aplicativo ZOOM Cloud Meetings.
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