Witzel ignorou a classificação de risco feita pelo “gabinete de gestão de crise” de Cabo Frio e possivelmente recuará, mas nas unidades da Rede Estadual situadas em Búzios e Arraial do Cabo a convocatória absurda para o retorno ao trabalho presencial persiste
Segundo diretores de escolas da Rede Estadual, há rumores de que o governador Wilson Witzel (PSC) e o secretário de estado de educação Pedro Fernandes (do mesmo partido) podem recuar de convocar os trabalhadores que atuam em escolas da rede estadual situadas em Cabo Frio para o retorno ao trabalho presencial. Isso acontece após a pressão feita pelo Sepe Lagos e pelos profissionais da educação que denunciaram o caráter precipitado e irresponsável da convocação.
Vergonhosamente, quando Witzel e Fernandes anunciaram à imprensa o retorno ao trabalho presencial na maioria das escolas estaduais fluminenses, no último dia 19 de agosto, eles não levaram em conta que o mal chamado “gabinete de gestão de crise” do prefeito Adriano Moreno (DEM) ainda caracteriza que Cabo Frio está na “bandeira laranja”, que indicaria um “risco moderado” na escala de contágios por Covid-19.
Este episódio tornou evidente que o possível recuo da convocação em Cabo Frio nem de longe significa que o Governo Witzel está primando pela segurança sanitária para determinar o retorno ao trabalho presencial.
A prioridade é salvar vidas, não lucros
O Sepe Lagos ressalta que não confia nestas classificações de “bandeiras” que os governos têm implementado como forma de determinar a reabertura do comércio e das unidades escolares. Grupos de pesquisa de diversas universidades brasileiras têm observado uma situação grave de subnotificação dos casos de contágio e de óbitos pelo novo coronavírus.
Isso acontece, principalmente, pela recusa dos governos em garantir a realização de testes massivos de confirmação da infecção pelo vírus e pelas frequentes tentativas de manipulação dos dados.
Recentemente, pesquisadores do projeto MonitoraCovid-19, do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz), elaboraram um estudo intitulado “O tempo dos dados: explorando a cobertura e oportunidade do Sivep-Gripe e o e-SUS VE”. Nele, constataram que os dados oficiais do Governo do Estado do Rio de Janeiro só registraram o número máximo de casos de Covid-19 mais de 50 dias depois de ele efetivamente ter sido atingido.
A situação na Região dos Lagos é crítica
Nos municípios da Região dos Lagos, até o dia 23 de agosto, os dados oficiais admitidos pelos governos já registraram 5.754 casos de contágio e 284 óbitos. Apesar dos números alarmantes, não são poucas as denúncias de subnotificação feitas pelos próprios familiares de pacientes que morreram com suspeita de contágio mas que não foram contabilizados nos dados oficiais devido a não realização de testes de confirmação.
Cabo frio é o maior município da região e concentra o maior número de casos de contágio (um total 1892, até o momento da publicação desta matéria) e de óbitos (104 mortos). E é a cidade onde reside a maioria dos profissionais da educação que trabalham nos distintos municípios da Região dos Lagos.
Por isso, é evidente que a convocação para o retorno ao trabalho presencial nas escolas estaduais e municipais das cidades vizinhas a Cabo Frio, como Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia, Araruama, Iguaba Grande e Saquarema, causará um maior deslocamento de pessoas entre os municípios da região, ocasionando uma maior circulação do novo coronavírus pela região e um consequente aumento dos casos de contágio e dos óbitos.
Não aceite que as escolas se tornem vetores de contaminação!
O Sepe Lagos recomenda aos profissionais da educação tanto da Rede Estadual como das redes municipais de Armação dos Búzios, Arraial do Cabo e Cabo Frio que se recusem a voltar ao trabalho. Que comuniquem às direções de escolas que estão em Greve Pela Vida!
Escolas fechadas, vidas preservadas! Não ao retorno ao trabalho presencial!
Basta de usar a pandemia para atacar nossos salários, empregos e direitos!
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