Sepe-RJ repudia anúncio de reabertura precipitada das escolas estaduais para alunos socialmente vulneráveis no dia 5 de outubro

O Sepe RJ vê com preocupação a veiculação de notícias pelo portal UOL e TV Globo baseadas em áudio do secretário Pedro Fernandes após reunião entre o governador em exercício, Cláudio Castro e o prefeito Marcelo Crivella, de que as escolas da rede estadual seriam reabertas a partir de 5 de outubro para estudantes que não tem acesso à internet. Segundo a notícia veiculada, a abertura seria realizada apenas em regiões com bandeira amarela para Covid duas semanas antes do início das aulas.

A direção do sindicato estranha que tal anúncio seja feito um dia após uma audiência de conciliação no Tribunal de Justiça, no qual ficou determinado a realização de discussões entre o governo do estado e os profissionais de educação sobre a questão do retorno presencial às escolas. Nesta quarta-feira (2/9), os profissionais da educação foram surpreendidos com o anúncio de reabertura para os alunos socialmente mais vulneráveis, depois do encontro de Cláudio Castro com Crivella. O Sepe esclarece que, em nenhum momento, foi consultado sobre a decisão. O secretário afirma no áudio que falou com professores e não com o Sepe.

Na audiência de terça-feira (1/9), que contou com a presença da direção do sindicato, do secretário Pedro Fernandes e do presidente do TJ, desembargador Cláudio de Mello Tavares, ficou definido que haverá uma nova audiência daqui a 30 dias para tratar do retorno às aulas, dentro de uma avaliação de como estará a pandemia daqui a 30 dias. Esta segunda reunião, a ser realizada no final de outubro, partiu de um pedido do sindicato, que vinha tentando por diversas vezes marcar uma audiência com o secretário estadual de Educação.

O sindicato não pode admitir que o governo estadual coloque em risco a saúde dos estudantes mais pobres e, também, dos profissionais e das famílias dos alunos, com uma reabertura de escolas sem o devido controle da epidemia avalizado pelas autoridades científicas. Durante toda a semana a mídia tem mostrado índices que colocam o Rio de Janeiro como um dos lugares onde a letalidade do coronavírus tem se apresentado mais alta. Também tem sido divulgado um preocupante aumento dos casos de contaminação, associados às medidas de quebra do isolamento social em todos os municípios do estado, em particular na Capital.

No entender da direção do Sepe-RJ, o anúncio feito nesta quarta-feira pelo governo estadual peca pela pressa, num momento em que o assunto se encontra em discussão entre o sindicato e as autoridades estaduais e revela uma inclinação do governador em exercício de auferir lucros políticos por meio de medidas que vão ao encontro do discurso negacionista e irresponsável do governo Bolsonaro. Atitudes estas que, ao longo dos últimos seis meses, levaram a uma explosão de casos do coronavírus no país, com registro de mais de 122 mil mortes e 3,9 milhões de casos notificados.

O Sepe-RJ lembra a todos que os profissionais da rede estadual se encontram em greve pela defesa da vida e contra a reabertura das escolas sem um aval dos especialistas em epidemiologia e sem a implementação de protocolos e infraestrutura nas unidades escolares que garantam a segurança de profissionais e de alunos. O sindicato alerta para o fato de que, caso seja levada adiante, a proposta do governo estadual põe em risco os alunos mais pobres e não resolve o problema da exclusão tecnológica e do acesso igualitário à educação para todos.

Veja o que foi discutido na audiência realizada na última terça-feira no Tribunal de Justiça com a presença do Sepe RJ e do governo do estado neste link.

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