Seme de Búzios mente em curso para docentes na tentativa de jogar trabalhadores contra o Sepe Lagos

Hoje, dia 5 de novembro de 2020, após 8 meses de escolas fechadas, a Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia de Armação dos Búzios (Seme) iniciou um curso de “formação continuada” com os docentes a fim de “capacitá-los” para que utilizem tecnologias digitais para elaboração de aulas remotas. De acordo com os presentes, o professor que ministrou a aula afirmou que a secretaria sempre quis qualificar os profissionais e que o Sepe Lagos teria “atrapalhado” isso.

O que a Seme oculta, no entanto, é a sua exigência de implementação das atividades remotas sem qualquer debate com a categoria, não realizando canal de diálogo fosse com os professores, alunos, responsáveis ou com o sindicato, a fim de inteirar-se das condições de acesso dos profissionais, ou seja, se possuíam recursos suficientes (conexão de qualidade e dispositivos digitais adequados) para o trabalho remoto. A secretaria também não mostrou qualquer interesse em precisar o porcentual de alunos que teriam acesso a essa modalidade.
Vale lembrar que o município há alguns anos não concede reajuste salarial adequado para a categoria, e ignora direitos como enquadramento, mudança de nível, licença prêmio, licença para estudo, entre outros que têm sido negados há anos para a grande maioria dos trabalhadores da educação.
O município não cumpre a lei de consulta (eleição para diretor), mantém há mais de 1 ano Conselho Municipal de Educação (CME) inoperante, e, quando o sindicato cumpre sua função social de defender o trabalhador de políticas nefastas e autoritárias o acusa de “atrapalhar”.
O governo usa alguns trabalhadores, alinhados com suas políticas, seja por interesses por cargos ou por falta de consciência de classe, para atacar o sindicato que é a única voz do trabalhador na garantia de seus direitos. Reiteramos ainda que o Sepe Lagos é um sindicato independente e democrático e que as suas decisões são construídas coletivamente com sua base. Por isso, desde o início da pandemia, tem promovido espaços de interlocução com os trabalhadores por meio de plenárias e assembleias online para discutir sobre temas como o ensino à distância, a Greve Pela Vida (que reivindica condições de segurança sanitárias nas escolas), o trabalho remoto, casos de assédio moral, denúncias de problemas na infraestrutura das unidades escolares, dentre outros temas.
A decisão de paralisar o trabalho remoto ocorreu por deliberação de diversas assembleias promovidas pelo sindicato com participação ativa dos profissionais da educação. Tal decisão foi uma resposta consciente à convocação, sem qualquer critério, de funcionários administrativos para executarem atividades de forma presencial nas escolas durante o período mais dramático da pandemia. E isso se deu devido à recusa da Seme negociar com o sindicato.
É, portanto, falsa a ideia de que a Seme tentou “qualificar” os professores para o ensino à distância e mais absurda ainda é a conclusão de que não o teria feito porque o Sepe “atrapalhou”, afinal, a secretária não dialogou ou buscou qualquer canal de negociação com o sindicato mesmo após inúmeras solicitações, inclusive algumas delas mediadas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT).

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