No último sábado (11) e ontem (segunda-feira, 13), o Sepe Lagos atendeu ao convite feito pela secretária de educação professora Rejane Jorge para participação nos desfiles “cívicos”. A gestora enviou ao sindicato um convite físico, entregue na sede da entidade, e também um ofício enviado por e-mail. O Sepe atendeu ao chamado, porém com o objetivo de lembrar que não há nada a se comemorar na educação municipal. O sindicato convocou os profissionais a protestarem, exigindo que a prefeitura interrompa a enrolação que já dura mais de 100 dias e atenda às reivindicações da categoria.
Essas exigências não cobram mais do que o cumprimento de leis: que sejam cumpridos os pisos salariais e Planos de Carreiras do magistério e dos demais servidores, que se garanta o direito à paridade salarial entre servidores da ativa, aposentados e pensionistas, que sejam convocados os aprovados nos concursos públicos e, principalmente, que se interrompa a política de “reajuste zero” que já era implementada desde a gestão de Bonifácio, que ignorou a data-base da categoria em abril deste ano.
No distrito de Tamoios, onde ocorreu o primeiro desfile no sábado, a prefeitura tentou proibir os trabalhadores da educação de se manifestarem, algo que gerou uma péssima imagem para o governo em toda a imprensa regional. Agentes da guarda municipal atuaram com truculência durante todo o evento para tentar fazer com que as faixas do sindicato não fossem vistas pela população. Próximo ao final do desfile, tentaram por meio da violência impedir o sindicato de ocupar a rua para se manifestar.
Além da guarda, também protagonizaram o empurra-empurra pessoas agraciadas pela prefeitura com cargos comissionados e TIDEs (gratificação por Tempo Integral e Dedicação Exclusiva, uma forma imoral de conferir supersalários a aliados políticos). Apesar do autoritarismo, o sindicato se manteve firme no propósito de denunciar o descaso do governo durante todo o evento, tanto no sábado como na segunda-feira.
Trabalhadores da ativa e aposentados de diversas escolas do 1º e 2º distritos compareceram e gritaram em defesa de seus direitos diante dos palcos onde as autoridades discursaram e mentiram sobre a situação da educação municipal. Segurando bandeiras, cartazes e faixas, e usando camisetas estampadas com suas exigências, eles se manifestaram em frente à prefeita Magdala Furtado e à secretária Rejane Jorge, dentre outras figuras do atual governo. Teve grande aparição na imprensa a faixa de mais de 4 metros de comprimento que dizia “Reajuste Zero Não!”.
Mal chamados de “cívicos”, estes desfiles foram organizados a pretexto das comemorações pelos 408 anos de Cabo Frio. Eles não ocorriam desde o ano de 2015, mas foram retomados em meio à extrema onda de calor que se abateu sobre o estado e num momento bastante particular: um ano pré-eleitoral, quando diferentes atores interessados em disputar o Executivo começam a costurar suas alianças políticas, anunciam pré-candidaturas e intensificam a encenação de que estariam atuando em defesa do povo.
Várias escolas corretamente se negaram a participar do evento, que foi improvisado às pressas nas últimas semanas e não estavam previstos no calendário escolar da rede municipal. A esmagadora maioria dos profissionais que trabalharam nos desfiles o fizeram por serem vítimas de contratos temporários e precários. Situação que os colocam em vulnerabilidade caso desobedeçam às ordens da Secretaria Municipal de Educação (Seme). Mesmo entre estes, muitos manifestaram seu descontentamento com aquele circo eleitoreiro.
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