Educação de Cabo Frio encerra greve após anúncio de quitação dos salários em 30 de janeiro

Movimento foi fundamental para colocar fim aos parcelamentos salariais impostos pelo prefeito Sérgio Azevedo e os trabalhadores continuarão cobrando a responsabilização de Magdala e todos os envolvidos em desvios de recursos públicos

Em assembleia realizada na noite de ontem (28), por videoconferência, os trabalhadores da educação da rede municipal de Cabo Frio deliberaram pelo encerramento do movimento grevista. A decisão se deu diante do anúncio feito pela Prefeitura Municipal de Cabo Frio, que prometeu quitar os salários atrasados referentes ao mês de dezembro de 2024 no próximo dia 30 de janeiro.

A greve, iniciada em 15 de janeiro, foi uma resposta contundente à política de parcelamento salarial implementada pelo prefeito Sérgio Azevedo (PL) e aos desvios de recursos praticados pela gestão da ex-prefeita Magdala Furtado (PV). Com os profissionais da educação enfrentando atraso salarial e condições de trabalho cada vez mais precarizadas e o encarecimento do custo de vida, a categoria se viu obrigada a paralisar suas atividades para defender o direito básico ao recebimento dos próprios salários.

As ações empreendidas pela categoria foram determinantes

Logo no primeiro dia de paralisação, foi realizada a Marcha da Educação, que partiu da sede da Prefeitura e seguiu até o prédio do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). A mobilização contou com grande adesão e teve como objetivo pressionar a atual administração a parar de jogar nas costas dos trabalhadores as consequências dos desvios praticados pela gestão anterior. Os manifestantes exigiram a responsabilização criminal e financeira de todos os envolvidos no mau uso do dinheiro público, começando pela prisão e o confisco dos bens da ex-prefeita Magdala Furtado.

Ato da educação em greve na sede do Ibascaf, em 16 de janeiro. Foto: Ricardo Malagori/Sepe Lagos

No dia seguinte, 16 de janeiro, os trabalhadores realizaram um novo ato em frente à sede do Instituto de Benefícios e Assistência aos Servidores Municipais (Ibascaf). A manifestação ganhou destaque na imprensa regional e repercutiu fortemente nas redes sociais. Além disso, durante o movimento grevista, diversas panfletagens foram realizadas para informar a população sobre a situação caótica enfrentada pelos profissionais das escolas.

A greve acabou, mas a luta pela educação continua

Apesar da decisão de encerrar a greve, os trabalhadores deixaram claro que a luta está longe de acabar. O Sepe Lagos, sindicato que representa a categoria, reafirmou seu compromisso com a defesa dos direitos dos profissionais da educação e destacou que a fiscalização sobre o cumprimento do cronograma de pagamento será rigorosa. “Encerrar a greve não significa baixar a guarda. Vamos continuar pressionando para que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados”, destacou a direção do sindicato.

Sem negociação, não há solução

O Sepe Lagos também protocolou, no início do mês, pedidos formais de audiência com o prefeito Sérgio Azevedo e com o secretário de educação Alfredo Gonçalves. A entidade tem urgência em tratar das demais pautas da categoria.

Entre as principais demandas estão o reajuste salarial anual, que está suspenso há mais de dois anos, a proposta da categoria para um Plano de Carreiras Unificado da Educação e melhorias nas condições de trabalho. Além disso é preciso que o governo esclareça imediatamente quando realizará os pagamentos do 1/3 de férias devido aos trabalhadores e a correção dos erros nos pagamentos do 13º salário de 2024.

A categoria espera que as negociações sejam iniciadas com a máxima celeridade, dada a urgência das demandas, e não descarta novos protestos e paralisações caso não haja diálogo e soluções concretas por parte do atual governo. Tento isto em vista, apesar de ter encerrado o movimento paredista, os trabalhadores da educação municipal decidiram manter-se em estado de greve. Nessa condição, os profissionais retomam suas atividades normalmente, mas mantêm reuniões e protestos, monitorando o cumprimento de pautas e reivindicações pendentes.

Com o encerramento da greve os profissionais demonstram mais uma vez sua responsabilidade com a educação pública e com os alunos da rede municipal, sem abrir mão da luta por dignidade e justiça para os trabalhadores que garantem o funcionamento cotidiano das escolas.

Confira as principais deliberações tomadas coletivamente na assembleia:

• Encerramento da greve e anúncio de entrada em Estado de Greve;

• Realização da próxima assembleia em 04/02, por videoconferência, para avaliação dos pagamentos efetuados e do início do ano letivo;

• Levantamento sobre as convocações e ação judicial para revisão das chamadas de cotas raciais e cotas para pessoas com deficiência;

• Continuidade da campanha com propaganda volante no carro de som do Sepe Lagos, percorrendo praias e bairros populares para ampliar a comunicação com a população;

• Continuidade da campanha pela devolução dos 100 milhões desviados da educação e responsabilização de todos os envolvidos, sobretudo Magdala Furtado.

• Defesa do pagamento integral para concursados, contratados e aposentados/pensionistas, sem escalonamentos ou parcelamentos.

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