A comunidade escolar da Escola Municipal Justiniano de Souza, localizada no bairro Maria Joaquina, no 2º Distrito de Cabo Frio, realizou uma reunião na última sexta-feira (14/2) para discutir a precária situação da unidade, que enfrenta atrasos crônicos nas obras de reforma e ampliação. Trabalhadores e responsáveis por alunos alertam para a possibilidade de um protesto caso o poder público não resolva os problemas estruturais que afetam estudantes, professores e funcionários.
Descaso histórico e promessas não cumpridas
A situação, que se arrasta desde o governo anterior, de Magdala Furtado (PV), agravou-se com a falta de ações concretas do atual prefeito Sergio Azevedo (PL) e do secretário de educação Alfredo Gonçalves. As obras, iniciadas em abril do ano passado com um orçamento de R$ 1,7 milhão, foram marcadas por sucessivos atrasos e má execução. Apesar de R$ 1,4 milhão já terem sido aplicados, a escola permanece em condições completamente inviáveis para um funcionamento seguro e adequado.
Durante o governo de Magdala, as irregularidades na gestão das obras e o descaso com a educação pública foram evidentes. Após a fragorosa derrota da ex-prefeita nas urnas, a empresa responsável pela reforma paralisou os serviços no início deste ano, alegando falta de pagamento, o que deixou a escola em um cenário de completo abandono. O ex-secretário de educação Rogério Jorge, que assumiu o cargo em setembro do ano passado, não tomou qualquer ação para resolver os problemas acumulados, e a situação só piorou com a transição de governo.
A visita midiática do atual prefeito e as denúncias de irregularidades
No dia 23 de janeiro, o prefeito Sergio Azevedo, acompanhado do secretário Alfredo Gonçalves e do subprefeito de Maria Joaquina, Rafael Aguiar (PL), realizou uma dita “vistoria” na escola e classificou a situação como “descaso inaceitável”. Ele anunciou a instauração de uma tomada de contas para apurar possíveis irregularidades na aplicação dos recursos públicos e afirmou que ofícios foram enviados ao Ministério Público, à Polícia Civil e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) solicitando investigação do caso.
A prefeitura chegou a retomar as obras, mas o serviço continua inconcluso e a comunidade escolar questiona a eficácia dessas medidas, já que as promessas de melhorias emergenciais feitas pelo prefeito e pelo secretário de educação ficaram apenas na bloqueiragem via redes sociais. A escola continua sem refeitório, sem banheiros em condições dignas e seguras de uso e os demais ambientes estão totalmente inadequados para a realização das atividades escolares.
Se o caos permanecer a comunidade promete não se calar
Na reunião do dia 14 de fevereiro, a diretora Tatiana Braz relatou as ações realizadas durante a semana e convidou pais e alunos a verificar com seus próprios olhos a situação das obras. A professora Viviane Souza, diretora do Sepe Lagos que é docente lotada na unidade, lembrou que, na reunião anterior, ficou acordado que as aulas só retornariam após a conclusão de itens indispensáveis à segurança e bem-estar de todos, como a instalação de quadros brancos, ventiladores, ar condicionado, mesas e cadeiras, finalização do prédio I, rampa e banheiros do prédio II, liberação da secretaria e sala de recursos, capina e poda da área externa, retirada de entulhos, contratação de auxiliares de cozinha e serviços gerais, e professores para todas as disciplinas.
Na reunião, a comunidade constatou que alguns itens haviam sido parcialmente concluídos. O refeitório está pronto, mas os banheiros seguem sem terminar. As salas foram concluídas ontem, mas ainda faltam ar condicionado e os ventiladores recém chegados ainda estão sendo instalados. As carteiras para três salas chegariam hoje, e ainda seriam instaladas. A questão da fossa séptica, prometida para o período do Carnaval, também gerou descontentamento, já que sua ausência pode causar novos transbordamentos de esgoto.
Todo apoio à mobilização da comunidade!
A direção colegiada do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro – Núcleo Lagos (Sepe Lagos) manifesta apoio à mobilização dos trabalhadores da Escola Justiniano de Souza e convoca a comunidade a cercar a unidade de solidariedade. O Sepe reforça a importância da luta por condições dignas de ensino e cobra respostas urgentes do poder público.
Desde o dia 3 de janeiro o secretário Alfredo Gonçalves permanece sem responder um ofício do sindicato que solicita audiência formal para discussão das demandas da rede municipal de ensino. Desse modo, o gestor inicia sua atuação na pasta optando pela a falta de negociação e diálogo democrático.
Enquanto as promessas não se concretizam, a comunidade escolar se prepara para intensificar a pressão. A possibilidade de um protesto é vista pelo sindicato como uma medida necessária para garantir o direito à educação de qualidade e chamar a atenção para o descaso que persiste na gestão da educação municipal. A luta por condições dignas de ensino é uma responsabilidade de todos, e a mobilização dos trabalhadores da educação é um passo crucial para garantir que as demandas sejam atendidas.
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