Das redes às ruas: a educação de Cabo Frio vai enfrentar a ofensiva antidireitos da prefeitura do PL

A assembleia da educação de Cabo Frio denunciou a persistência da política de “reajuste zero” sob o governo de Sérgio Azevedo (PL). Profissionais preparam mobilização para maio — mês da classe trabalhadora — cobrando recomposição salarial, PCCR Unificado, enquadramentos, resíduos trabalhistas e investimentos para sanar falhas estruturais das escolas

Na noite de segunda-feira (7/4), dezenas de profissionais da educação de Cabo Frio participaram da assembleia virtual organizada pelo Sepe Lagos. O encontro teve como foco o repasse de informações sobre a audiência com a Secretaria Municipal de Educação (Seme) e a construção coletiva da luta diante do desrespeito do governo municipal aos direitos da categoria.

Audiência sem grandes avanços

A direção do sindicato detalhou o que classificou como uma audiência frustrante com o secretário Alfredo Gonçalves (Republicanos), tio do prefeito bolsonarista Sérgio Azevedo (PL). Sem apresentar propostas ou prazos concretos, o gestor foi evasivo diante de reivindicações fundamentais, como o fim do congelamento salarial – que já dura três anos – e o cumprimento do Piso Nacional do Magistério (Lei Federal 11.738/2008). A categoria, que tem sua data-base em abril, teme mais um ano de reajuste zero, desta vez sob a chancela de um executivo que tem feito de tudo para penalizar os mais pobres.

A “bagunça” da qual o prefeito e o secretário não falam

Além do reajuste, seguem irregulares os pagamentos de direitos básicos como os triênios, os enquadramentos por formação, os resíduos trabalhistas e a isonomia salarial dos profissionais contratados. Continua a injustiça e os transtornos nas escolas devido ao caos do atual processo seletivo e os profissionais aprovados em concurso continuam privados do direito a tomar posse de seus cargos.

Em vez de dialogar, o governo intensificou ataques nas redes sociais, lançando mão de generalizações desonestas para tentar desmoralizar os servidores, como no vídeo publicado por Alfredo na última sexta-feira – prontamente rebatido pela coordenadora do Sepe, Denize Alvarenga, em vídeo que desmascara as omissões da gestão e foi assistido por mais de 14,7 mil pessoas, gerando enorme engajamento nas redes sociais.

PCCR Unificado, já!

A assembleia também reforçou a centralidade da luta pela aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) Unificado da educação, instrumento essencial para a valorização de todos os servidores da rede, das salas de aula às cozinhas e portarias. O sindicato já entregou a proposta dos trabalhadores para o secretário Alfredo e convoca a categoria a intensificar a pressão sobre o Executivo e a Câmara Municipal.

Confira as principais deliberações da assembleia:

• Indicativo de paralisação de 24h e ato público no dia 9 de maio, a ser referendado em nova assembleia no dia 5 de maio;

• Produção e divulgação de vídeos individuais e coletivos de servidores, com relatos sobre o congelamento salarial, o descaso do governo com a estrutura das escolas e a falta de profissionais. Recomenda-se gravar preferencialmente usando o abadá do sindicato que satiriza o colete de pesca do prefeito;

• Campanha nas redes sociais, com o slogan que contraponha a propaganda de “a vida vai melhorar” agitada pelo governo, mostrando como é a realidade das escolas e as perdas salariais dos trabalhadores;

• Criação de sátira crítica do slogan “Educação nota 10”;

• Panfletagem nas unidades escolares, com dados sobre a perda salarial acumulada e estímulo ao debate sobre os problemas dos trabalhadores durante os recreios;

• Carro de som do Sepe Lagos rodando os bairros, associando o sucateamento da rede à falta de investimentos na educação e os 3 anos sem reajuste salarial;

• Continuidade da campanha de denúncia e exigência de investigação e punição aos responsáveis pelo desvio de cerca de 100 milhões da educação na gestão Magdala Furtado (PV);

• Elaboração de um “Decreto Popular”, listando os direitos desrespeitados pelo governo, como o não pagamento de 13º, férias e outros débitos trabalhistas.

Reader Interactions

Deixe uma resposta